segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Minha Luta: Apresentação por Nélson Jahr Garcia

"Minha Luta" ("Mein Kampf") foi a melhor obra já escrita contra o nazismo. Já se escreveram livros, artigos, crônicas; fizeram-se filmes, peças de teatro. Por mais que demonstrassem o totalitarismo, a crueldade e a desfaçatez daquele regime, nada conseguiu superar o original. A comunidade judaica, pelo menos alguns de seus setores, batalha por proibir a divulgação do livro. Não entendo. Quanto mais se conhecer, maior se tornará o repúdio e a aversão.

É certo que os filhos de Israel foram perseguidos, mas não foram só eles. Também o foram os negros, os eslavos, membros das "Resistências", maçons, todos originários de qualquer raça que não fossem considerados "arianos". Em suma, perseguiram-se tantos quanto se opuseram aos planos megalomaníacos do pequeno austríaco que resolveu tornar-se rei do universo. 

Certa vez perguntei a um ex-capitão do exército mecanizado nazista: "Como foi possível que um dos povos mais cultos da Europa apoiasse um projeto neurótico e genocida como o dos nazis"? Respondeu-me, com certa simplicidade: "Perdêramos a I Grande Guerra. Engenheiros, médicos e tantos reviravam latas de lixo para encontrar comida. Os judeus, comerciantes em sua maioria, expunham suas mercadorias sugerindo serem beneficiados pela situação. Era solo fértil para as pregações antissemitas". 

Quanto ao antissemitismo, além da postura racista inquestionável e confessa, havia uma estratégia de propaganda. Hitler entendia que qualquer movimento precisava de inimigos para fortalecer-se. Subestimando a capacidade intelectual do povo, afirmava explicitamente que as massas tinham dificuldades de entendimento e compreensão.

Daí a necessidade de reduzir vários adversários a um inimigo único: os judeus. As críticas da imprensa eram escritas por judeus, que também dominavam a literatura, as artes e o teatro. França e Inglaterra estavam controladas pelo capitalismo judaico. Os judeus levavam imigrantes negros para contaminar as racas europeias. Os marxistas e revolucionários russos eram judeus. A maçonaria era controlada por judeus. 

Uma generalização absurda que, infelizmente, funcionou.

Penso que "Minha Luta" deva ser amplamente conhecido, um texto preconceituoso, presunçoso e que traz embutidos neuroses e psicoses indiscutíveis. Conhecê-lo talvez seja a melhor forma de impedir que aquelas ideias ressuscitem. Além disso, sou contra qualquer forma de censura. Os romanos incendiaram a Biblioteca da Babilônia, Hitler e Stalin queimaram livros, Getúlio Vargas também, os militares de nossa recente ditadura inclusive, e outros tantos, a humanidade só perdeu. 

Por isso tudo divulgo o livro, uma peça de propaganda bastante eficiente, mas apenas no seu tempo e contexto. Devemos ler, analisar, discutir e produzir vacinar. Como os vírus, as ideias absurdas tendem a retornar fortalecidas e resistentes; só conhecendo poderemos enfrentá-las. 



HITLER, Adolf. Mein Kampf: Minha Luta - Parte I. Apresentação por Nelsón Jarh Garcia.