quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

Aulas a distância revelam a importância do ensino presencial

“A pandemia trouxe uma nova dinâmica de ensino, de modo que alunos e professores tiveram que reaprender o modo como estudam e ensinam”, afirma a psicóloga Juliana Tonelotto


O aumento exponencial no número de casos de Coronavírus e a adoção de quarentena no Estado de São Paulo obrigou inúmeras instituições de ensino a migrar as aulas presenciais para o ambiente on-line. Desde então, alunos e professores precisam se desdobrar a fim de gerenciar essa nova rotina e garantir a continuidade do ano letivo.

Uma visita breve às redes sociais revela uma infinidade de críticas acerca desta modalidade de ensino, mostrando que muitos alunos foram impactados por estas mudanças. “O ensino remoto prejudica os alunos como um todo, mas afeta principalmente aqueles que sequer têm acesso a essa modalidade, pois para assistir às aulas é necessário que o estudante possua um equipamento minimamente razoável e, também, o acesso à internet”, pontua Katharina Ferreira, moradora de Campinas e estudante de Ciências Sociais.

Independentemente da série, do turno e da instituição, as adversidades têm sido uma constante na vida dos alunos. Dentre os principais desafios relatados pelas alunas Maryana Rodrigues, Katharina Ferreira, Manuella Rossi e pelo aluno João Pedro Barbosa estão a dificuldade de absorção dos conteúdos, a redução de interação com os colegas de turma e com os professores e a falta de ambiente apropriado para os estudos. 

Entretanto, não são apenas os alunos que enfrentam dificuldades neste cenário educacional inédito. Muitos professores estão aprendendo, a duras penas, uma nova forma de ensinar e se conectar com seus alunos.

As professoras Renata Ivo Barbosa, Andreza Briganó e Priscila Cunha apontam a necessidade de adequações no planejamento de aulas, a priorização de alguns conteúdos em comparação a outros devido à redução de carga horária, mas sobretudo à dificuldade em estimular os estudantes a participarem das aulas.

“É incontestável que alunos, professores e até mesmo algumas instituições de ensino têm se empenhado arduamente, dando o máximo de si, para fazer com que este ano tão caótico não seja perdido”, diz Priscila Cunha. Entretanto, “em uma sociedade desigual, a forma como a educação (e a falta dela) afeta os alunos é desproporcional, pois ela é feita de maneira desigual. Neste momento pandêmico, tornou-se evidente que os alunos precisam dos professores”, ressalta Andreza Briganó.

Contudo, apesar de todas as dificuldades pontuadas acerca do ensino remoto, tanto os alunos quanto os professores concordam que não haveria outra alternativa viável que atendesse à urgência deste momento. Embora não atenda a todos os alunos, devido a impossibilidade de acesso enfrentada por alguns, as aulas on-line foram a melhor opção disponível para que os conteúdos do ano letivo continuassem sendo transmitidos aos discentes.

Para além das dificuldades mencionadas, o isolamento aumentou os níveis de estresse e a sensação de frustração, tornando as demandas ainda mais desgastantes e impactantes para a saúde emocional e mental.

De acordo com a psicóloga Juliana Tonelotto, o planejamento e a percepção de sinais do corpo são essenciais durante este período. “É imprescindível que saibamos separar o momento de estudo e de trabalho, apesar de o ambiente disponível para estes afazeres ser o mesmo local de lazer e, também, de descanso”, diz. 

Além disso, a profissional pontua a necessidade de encarar a pandemia como algo passageiro que deixará muitos aprendizados. “Precisamos nos questionar o que de bom poderá ser tirado de todo esse cenário e respeitar nossos sentimentos sem nos compararmos com os outros, pois está tudo bem não ficar bem o tempo todo. ”


Por Gabrielle Colturato

A matéria em questão foi redigida para a disciplina de Jornal Laboratório, do 4º semestre do curso de Comunicação Social - Jornalismo.