terça-feira, 22 de setembro de 2015

Negra, Mulata

A pele é escura, 
Os seios são fartos,
E o cabelo é todo enrolado,
É crioulo!

O corpo é pomposo,
Por si só,  escandaloso.
Imã de olhares perigosos, 
E comentários maldosos.

"Olhem só,  a vaca leiteira!"
"Lá vem aquela escrava negra!"
"Tão vendo a pixaim?!"

E continua andando,
Chacoalhando o quadril,
Com os seios balançando
E, a alguns, hipnotizando!

"Olhem só aquela mulata!"
"Lá vem ela toda pomposa!"
"Estão vendo-a? Que gata!"

Para uns a negra suja,
A outros, a mulata gata!
Tratada por uns, com todo o preconceito,
Mas por outros, com todo respeito!

Respeito este que é digno de todo ser humano!
É mulher!
Pois é! É negra, mulata! 
E também digna de respeito!

A escravidão já foi abolida,
E ela que é negra deve ter os mesmos direitos,
Que tem as branquelas metidas a besta
Que tem os trouxas que dominam o Parlamento!


Gabrielle Colturato

sábado, 19 de setembro de 2015

De Saída

Durante quanto tempo avisei? Eu só implorava por algum afeto e uns poucos motivos que me mantivessem por aqui. Só queria sorrisos espontâneos,  beijos que fossem declarações, abraços que guardassem. Todo o banal afeto que um coração partido precisaria receber.

Quantas vezes avisei? Só queria que a vontade de permanecer junto fosse maior que os temores causados por amores passados, que o ter-me fosse sempre o x da equação na qual nos enfiamos, e que não houvesse tantas coisas mais importantes que darmos certo.

Lembra-se o quanto pedi? Eu não queria mais do que um muro para me cercar e me proteger, é claro que não era nada além de te querer, e desejar que nada interferisse no castelo que montamos, e que eu precisava, mais do que tudo, daquela fortaleza.

Durante quanto tempo e quantas vezes avisei? Lembra-se? O quanto pedi? Agora diga-me o que fez, quais foram suas decisões a respeito, as melhorias que eu tanto precisava? O que fez? Nada.

Eu avisei, inúmeras vezes, durante um tempo incansável,  e agora não resta mais nada, não sobrou mais motivos que me mantenham por aqui... Chegou a hora de partir, está tudo acabado. E agora, não adianta mais mudar, nem mesmo implorar, ou olhar-me com olhos marejados que demonstrem dor e sofrimento, não adianta nem chorar. Minhas malas já estão feitas, e estou de saída para jamais voltar.


Gabrielle Colturato.

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Catuaba & Bananada

Dono das curvas mais exuberantes,
Daquelas que causam invejas em muitas.
Tem um rebolar hipnotizante,
Que atraí olhares alucinantes.

Dentro de si, há a almas mais pura,
Brilhante como púrpura.
Macho? Macho à boa forma dele,
Corpo de homem, mas outros agradam a ele.

Sorriso que contamina multidões,
E há em si toda uma mágica paixão
Em suas falam, em seus olhares, em seus atos,
Por todo seu corpão violão!

Sua doce favorita? Catuaba,
A única que se faz dona do seu coração,
Mas na hora da banana,
São outras coisas que lhe prendem a atenção!

Hummmm!

Tem corpo de homem, mas não é homi não!
É homo! Como todos... HOMO SAPIENS! 
Porém, é também homossexual, e com orgulho fio!
Leva pra lá seu preconceito,
E ponha paz e amor no seu coração!  


Gabrielle Colturato
Texto dedicado e feito, especialmente, ao meu amigo Felipe "Poulter".

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Devaneio Libertino

Lembro-me de nossos corpos enlaçados, nossas respirações compassadas, do calor de seu corpo sendo transmitido ao meu. Lembro-me de cada detalhe, do vento batendo, insistentemente, na janela, do amontoado de cobertas que cobriam-nos parcialmente, deixando parte de nossos corpos nus para fora, das carícias e dos beijos que distribuía por todo o meu corpo despido, dos seus toques calientes. Cada mínimo acontecimento volta-me a mente.

Juntos, em nosso ápice de intimidade, vivemos e compartilhamos momentos únicos que tornam-se melhores a cada vez que damos a nós mesmos o prazer de desfrutar um ao outro.Momentos que instigam ainda mais nossa louca vontade de repeti-los.

Deitada, absorta pelas músicas calmas que dançam em meus ouvidos, revivo cada um dos seus toques, toques dados de olhos fechados e sorriso bobo, toques que deu-me sem preocupar-se em ver, pois conhece cada centímetro de meu corpo e casa uma das artimanhas necessárias para instigar cada parte dele.

Suas mãos, que deslizam pela minha nuca, acariciam minhas costas e desfrutam de todo meu corpo, acendem desejos que não tenho pudores de lhe mostrar. Entre as quatro paredes de seu quarto, somos eu, você e todo o tesão que, a cada toque e resvalecer, aumenta mais... Dominando nossas ações e tirando nossos sentidos.

Deliro com o doce devaneio que leva meus pensamentos à ideia de, mais uma vez, poder deitar meu corpo gélido sob seu corpo fervente, causando o mais delicioso choque térmico em nossos corpos, vivendo mais momentos de êxtase, e saciando-me com a excitante sensação de ter-lhe em mim.

Delicio-me, então, com meus loucos devaneios despudorados que alimentam meu corpo, e dão assas aos meus desejos libertinos.


Gabrielle Colturato

Partindo

As memórias foram guardadas,
Em um profundo baú,  foram trancadas,
Isoladas para que não sejam mais lembradas.

Todas as cartas escritas,
As fotos tiradas e reveladas,
E, até mesmo, as emoções,  inutilmente, declaradas.
Todos os momentos, aos poucos, foram esquecidos.

Estou partindo, e não deixarei vestígio de mim!
Aproveite o agora, antes que seja tarde,
Pois depois que partir, não tenho pretensões de voltar.
Partirei e não restará mais nada.

Já foi tudo esquecido, e deixado de lado
Não há mais nada que segure-me aqui
Então decida-se, ou dê-me motivos para ficar,
Ou deixe-me, de uma vez por todas, partir.

E quando eu for, queime tudo,  se assim quiser
Tire-me por completo de dentro de si,
Guarde seu ódio e arrependimento consigo,
Porque dentro de mim não há mais espaço para isto.

Mas lembre-se que eu fico por qualquer demonstração de querer,
Então basta me dizer!
E tudo será como tem que ser,
Não precisamos temer!


Gabrielle Colturato.

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Sedento Desejo

A chuva despencava, batendo de forma insistente contra a janela de madeira velha, causando um barulho ritmado por todo o quarto escuro e semi quieto. Preenchendo o silêncio, acompanhando a chuva, nossas respirações ofegantes e compassadas causadas pelo simples fato de nossos corpos nus se manterem grudados.

Deitada de bruços sobre seu peito quente, delicio-me com suas sorridentes feições sonolentas e com o excitante deslizar de suas mãos firmes sobre minhas costas,  despidas de qualquer tecido, mas coberta de toda a quentura que nossos corpos transmitem um ao outro. Suas carícias arrepiam-me por inteira, excitando-me instantaneamente, e atiçando os instintos mais sacanas existentes em mim.

Entre sorrisos perversos, nossos lábios deslizam e se tocam lentamente, tornando-se o estopim para que realizemos nossos desejos e devaneios carnais, incentivando nossos corpos,  distintos, fundirem-se e tornar-se um único.

Somos apenas dois corpos e almas que transformam-se em um único corpo guiado por um só movimento, por apenas um sedento desejo.


E, por fim, nossos corpos se unem, sem pudores, em um ritmo sincronizado, abafando a chuva inquieta que desmorona lá fora e aquecendo o frio que, dias atrás,  fez-se dono de nossas almas. Somos, então,  dominados pelo que mais queremos, conseguindo, enfim alimentar e  saciar nossa maior vontade: ter-se um dentro do outro, por inteiro, em corpos e almas.


Emeli Louise.

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

O que eu sou?

Ouvi uma voz
Uma voz dentro da minha cabeça
Esta voz dentro de minha cabeça é nada mais, nada menos do que eu
E o que eu sou?

Um humano, talvez essa seria sua resposta
Mas esta é somente a minha espécie, não o que eu sou
Alguns diriam que eu sou um homem
Mas este é apenas o meu gênero, não o que eu sou
Outros prefeririam dizer que eu sou um louco
Mas este é somente o meu estado psicológico, não o que eu sou

Mas então, o que realmente eu sou?
Eu sou a indagação, sou o silêncio
Eu sou digno de aprender
No momento eu que eu deixo de me caracterizar
Eu passo a ser eu
Na forma mais pura e sincera

Então, se entendes o mesmo que eu
Tu és tu
Ou tu és apenas um outro eu?


Carlos Vinícius Custódio 

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Reflexos

Acompanho meu reflexo refletindo
Sem espelhos, sem águas
Me reflito nos olhos de quem pode ver além da carne
Sou o reflexo que você imagina
Sou luz calorosa e reflexiva em noite fria
Mas sou reflexão fria nos dias chuvosos
Frio como a escuridão dos olhos cerrados
Quente como o trocar de olhares apaixonados
Já fui passado, sou presente e serei futuro
Serei a salvação junto à perdição
Sou tudo que você já conhece
Mas de uma maneira a qual você nunca viu
Sou reflexão de cada ser
Por fora sou doença
Por dentro sou cura
Reflexos de luz pura
Sombras de trevas ocultas
Neutro
Diferente é igual
Entre reflexos de semelhanças
Serei sombras de diferenças.


Carlos Vinícius Custódio.

domingo, 6 de setembro de 2015

E se for, será

Caso for está a saída,
Eu aceito-a sem pestanejar.
Independente da dor que,
Com certeza, tal irá causar.

Se esta é a solução,
O caminho que devemos seguir,
Disponho-me a segui-lo
Para que possamos ser, verdadeiramente, felizes.

Se a distância for a cura,
Pego-me e vou embora, sem hesitar,
Por pior que possa ser a principio,
Eu vou, pode acreditar.

Pois meu desejo maior é que a felicidade
Esteja presente em nossas vidas,
E se para isso for necessário nosso fim,
Sacrifico minha vontade de querer te-lo comigo, 
De te-lo, para sempre, ao meu lado.

E caso tiver que ser,
Caso tivermos que ficar juntos,
Se este for, de fato, o melhor para nós dois,
Em algum momento o será. 

Se tiver que acontecer, irá,
Não me pergunte como, quando, nem o lugar,
Mas eu acredito que se em algum momento tiver que ser, será
E ocorrerá como tiver que ocorrer.

Mas, por hoje, aceito o fim... Por mais que doa,
Disponho-me a partir, para que possamos nós encontrar
Em algum lugar, ou em alguém.

Mas que encontremos a felicidade,
E sejamos felizes.
Independente de como, ou onde.


Gabrielle Colturato.

Emoção por Razão

Quem pensa é o cérebro
Quem sente é o coração
É o coração quem mostra os caminhos da felicidade
É o cérebro quem mostra as trilhas do sucesso
Mas ser feliz não é ser bem-sucedido?
Benditos sejam os tolos que têm coragem pra dizer o que sentem
Já que os sábios observam tudo em silêncio
É o silêncio quem precede o perigo
Então cantemos como bobos para afastarmos os males
E já que o tempo de incertezas é certo
Façamos o errado e vivamos um dia de cada vez
Como seres humanos dotados de alma livre
Dotados de sentimentos
Sejamos sensíveis
Sejamos terríveis
Sejamos impossíveis
Sejamos felizes sem contar com a aurora seguinte.

Carlos Vinícius Custódio.