A pele é escura,
Os seios são fartos,
E o cabelo é todo enrolado,
É crioulo!
O corpo é pomposo,
Por si só, escandaloso.
Imã de olhares perigosos,
E comentários maldosos.
"Olhem só, a vaca leiteira!"
"Lá vem aquela escrava negra!"
"Tão vendo a pixaim?!"
E continua andando,
Chacoalhando o quadril,
Com os seios balançando
E, a alguns, hipnotizando!
"Olhem só aquela mulata!"
"Lá vem ela toda pomposa!"
"Estão vendo-a? Que gata!"
Para uns a negra suja,
A outros, a mulata gata!
Tratada por uns, com todo o preconceito,
Mas por outros, com todo respeito!
Respeito este que é digno de todo ser humano!
É mulher!
Pois é! É negra, mulata!
E também digna de respeito!
A escravidão já foi abolida,
E ela que é negra deve ter os mesmos direitos,
Que tem as branquelas metidas a besta
Que tem os trouxas que dominam o Parlamento!
Gabrielle Colturato