quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

Trovoada

Quando ela desabou, sem ninguém pra lhe consolar,
A tempestade pediu licença pra se retirar
Permitindo, com gentileza, que ela expulsasse
Os sentimentos que tentou o dia inteiro ignorar.

Foi a janela do transporte público que presenciou
Todas as lágrimas que ela segurou
E que finalmente caiam despreocupadas.

Enquanto a chuva cessava lá fora,
Ela desabava por dentro, sem demora.

Foi na fila do busão que seu nó preso a garganta se desfez.
E pensando aqui, comigo mesmo
É um absurdo que uma garota daquelas
Tenha como seu melhor amigo, o coletivo.

Mas vejam bem, meus caríssimos
Ainda bem que naquele dia ela estava antissocial
Pois a grande sorte é que, apesar dos empecilhos,
Ela foi forte e não decidiu conversar com os trilhos.


Gabrielle Colturato

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

Sorria e Acene

Hoje não é dia de sorte.
Então, por obrigação, seja forte!
Se não por você, pelos outros,
Ou deseja se tornar só mais um estorvo?

Engole o choro, pra ninguém perceber
Se possível, sorria. Finja vencer!
"Mas por que a cara feia?"
Conseguirá responder?

Sua primeira falha foi se levantar,
No restante do dia,
Apenas encontrou outras formas de errar.
E lamento dizer,
Não terá chances pra consertar.

Não adianta pedir pro dia acabar,
Quanto mais implorar, mais longo será.
E aí? O quanto você pagaria
Pra essa vida de cão terminar?


Gabrielle Colturato