terça-feira, 28 de abril de 2015

Enxergou-me

Com um olhar triste, ele observava cada milimetro de meu corpo que tremia desesperadamente. Após seu primeiro contato com as, tão temidas, marcas que agora estampavam minha costela direita, carregava em seu rosto uma apreensão desconfortável.

Sentia-me frágil, mesmo com seus braços firmes ao meu redor. Delicadamente, ele aconchegou meu corpo junto ao seu, como se nada mais importasse além de meu conforto e bem estar, ergueu minha camiseta larga e olhando, mais uma vez as marcas, acariciou-as. Naquele momento, um misto agonizante de sentimentos passavam pelo seu rosto, desde culpa à tristeza.

Entre medos, temores e tremores, depois de tanto tempo juntos, ele enxergou-me profundamente através daquela situação, como nenhuma outra situação poderia lhe mostrar.

Porém, mesmo com o pesar que nos cercava naquele momento, algo sem igual nos uniu ainda mais, nos aproximou. Nossas trocas de olhares transmitiam dor, mas nosso peitos, juntos naquele instante, transmitiam amor.

Naquele momento, naqueles instantes em que meu corpo se fundia ao seu, o amor curou toda a dor existente em mim. Pois, seu amor vem fazendo isso a tempos... Seu amor vem me curando.


Emeli Louise

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Compartilhamento de Sorrisos

Encolhida entre travesseiros e envolta por cobertores, lembrava de cada segundo do dia que, há algumas horas, tecnicamente, já havia acabado. Naquele momento, aquelas lembranças pertenciam-lhe inteiramente. Eram só dela, e de mais ninguém.
 
Os detalhes vinham à sua mente, como um filme sendo rebobinado. A delicadeza de cada beijo, o calor de cada abraço, a excitação de cada toque. O suspirar de alegria após cada sensação. Lembrando, ela sentia, mais uma vez, a ternura daquele momento único que, ao lado dele, vivera. Pensava que, a pouco tempo estava encolhida e envolta, mas não em travesseiros e cobertores, mas pelo corpo quente e aconchegante dele.

Era domingo, com emenda de feriado, e eles bem sabiam a chatice que isso acarretava, mas mesmo assim transformaram aquela chatice em um momento de alegria, em compartilhamento de sorrisos, porque eles sabiam que nada importava mais do que estarem juntos, seja largados na cama quente assistindo um filme, ou tomando um sorvete na sorveteria decadente do bairro.

Ali, deitada sozinha em sua própria cama, e não na dele, ela lembrou-se do quão bom era estar lá, mesmo com aquele aperto no peito que lhe dominou ao pensar nas tantas brigas que tiveram no decorrer da semana, mesmo com a chatice cotidiana do final de semana, mesmo com a falta de vontade de fazer qualquer coisa. Naquele momento, a única coisa que realmente importava eram seus corpos grudados na mais linda troca de carinho, e calor.

Relembrando momento a momento, segundo a segundo, beijo a beijo, ela soltou o sorriso mais lindo e cheio de vida, pois sabia que, independente de suas reclamações e insatisfações interiores, só ele era capaz de transborda-la daquela forma inexplicável e sem pudores.

E ali ela suspirou mais uma vez ao rebobinar cada uma daquelas sensações compartilhadas e sentidas. Dentro de si, ela tinha a certeza que nunca, em um domingo com emenda de feriado, ela seria mais feliz que naquele.


Emeli Louise

segunda-feira, 6 de abril de 2015

O que será de nós no futuro?

Hoje pela manhã, dois professores estavam passando de sala em sala para conversar com nós, alunos, sobre a greve de professores que está rolando. Eles responderam algumas perguntas, e deram algumas explicações sobre o que está acontecendo, e sobre os verdadeiros motivos da paralisação. Além de pedir a nossa colaboração de diversas formas.

A minha grande pergunta, é: O que seremos de nós no futuro, se hoje, não tivermos, em sala, uma educação de qualidade, e algumas condições básicas de infraestrutura?

Bom, existe uma historia (não sei, se  é ou não verídica) que todo ano gosto de relembrar no dia dos professores, sobre no Japão, o único profissional que não tem obrigação de se curvar a um imperador é o professor, afinal, não se fazem imperadores sem professores.

Os professores não paralisaram apenas com o intuito de terem um reajuste, e digo que, mesmo se fosse, eu apoiaria a greve da mesma forma, pois é ridículo um profissional tão influente na vida de todos, ganhar tão pouco. Eles paralisaram exigindo melhores condições para ensinarem e passarem seus conhecimentos ao futuro, à nós.

Imaginem uma sala de aula com cinquenta alunos (ou mais) na flor da adolescência que, por qualquer coisa misero fato, já faz festa e farra dentro da sala. Agora pense quanto tempo um professor é obrigado a perder de sua aula para acalmar este cinquenta alunos que não param de gritar, farrar e tantas outras coisas que vemos os alunos fazendo durante o momento de aula. Pensou? Agora me diz, enquanto diversas salas foram FECHADAS, outras foram SUPERLOTADAS? Enquanto professores perderam emprego devido a este fechamento, outros nem aula conseguem dar devido ao excesso de alunos em sala?

Chega a ser surreal uma situação desta! Mas bem, é a nossa realidade!

Minhas fontes são pequenas, e posso até estar falando besteira, algo que eu duvide que esteja. Mas enquanto muitos andam dizendo que o único interesse dos professores é um aumento (e aí está mais asneira, pois não é aumento, é reajuste, e tem diferença), o verdadeiro motivo é não por eles, mas por nós. Para uma diminuição de alunos em sala para que, talvez dessa forma, eles consigam passar seus conhecimentos e ensinar para valer, sem fingimentos, sem acharmos que estamos aprendendo e eles ensinando! Pois cá entre nós, não dá para aprender com um monte de gente gritando e falando mais alto que o professor.

Eu apoio, sim, a greve dos professores! Apoio, sim, todos os motivos declarados para tal paralisação. Eles querem ensinar, e eu? Eu quero ter um ensino decente, e de qualidade, pois eu sei que se não tiver isto, no futuro não serei nada, ou pelo menos, não serei nada que valha a pena ser!!!



Gabrielle Colturato