quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

Trovoada

Quando ela desabou, sem ninguém pra lhe consolar,
A tempestade pediu licença pra se retirar
Permitindo, com gentileza, que ela expulsasse
Os sentimentos que tentou o dia inteiro ignorar.

Foi a janela do transporte público que presenciou
Todas as lágrimas que ela segurou
E que finalmente caiam despreocupadas.

Enquanto a chuva cessava lá fora,
Ela desabava por dentro, sem demora.

Foi na fila do busão que seu nó preso a garganta se desfez.
E pensando aqui, comigo mesmo
É um absurdo que uma garota daquelas
Tenha como seu melhor amigo, o coletivo.

Mas vejam bem, meus caríssimos
Ainda bem que naquele dia ela estava antissocial
Pois a grande sorte é que, apesar dos empecilhos,
Ela foi forte e não decidiu conversar com os trilhos.


Gabrielle Colturato

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