domingo, 11 de janeiro de 2015

Ela morreu com um sorriso lindo no rosto

Seu corpo foi encontrado logo pela manhã, meio jogado, meio sentado no box do chuveiro, sem sinal algum de causa ou justificativa. Seu corpo foi encontrado, e em seu rosto tranquilo havia um leve sorriso.

Com o tempo ela aprendeu que não podíamos ser felizes vinte e quatro horas por dia, trezentos e sessenta e cinco dias no ano. E parece que ela foi mais feliz a partir do dia que descobriu isso. Seus dias tristes eram desoladores, mas com o tempo ela foi vendo o quão necessário eles eram.

Quando ela finalmente aprendeu que a vida era feita de alegrias e tristezas, sorrisos e lágrimas, passou a viver de uma forma mais leve, e, do seu jeitinho, espalhava e ensinava a quem pudesse isso. Ela costumava me dizer que precisávamos das coisas ruins para reconhecermos as coisas boas, e eu nunca soube o quanto ela tinha razão até ela ser encontrada morta no box do banheiro. 

Era por volta das sete horas quando recebi uma ligação informando-me sobre o acontecimento, e foi naquele exato instante em que eu vi o quão bons eram os nossos momentos. Ela era linda sorrindo, tinha um brilho único nos lábios, nos olhos, no rebolar. Ela era única, e ela era minha.

Por um lado é engraçado saber que ela morreu sorrindo. Talvez fosse só mais um de seus momentos atormentadores de tristeza, em que a dor era maior do que a sua própria consciência, e daí decidiu ir. E talvez, em seus últimos segundos, naqueles em que dizem que toda nossa vida se passa na nossa frente, ela tivesse se sentido a pessoa mais feliz do mundo, e tivesse sorrido.

É engraçado pensar dessa forma, mas sei bem que ela era assim, toda temperamental. Em um minuto sorria, cantava e pulava, e no minuto seguinte debulhava-se em lágrimas, sem motivos aparentes. O pior de tudo é não saber seus motivos, nem o que aconteceu, e doí no peito só poder reconhecer as coisas boas com essa coisa tão devastadoramente ruim.

Porém, algo dentro de mim felicita-se em saber que, em meio a toda a tristeza que ela pudesse sentir naquele momento, algo dentro dela a fez sorrir. Seu último e mais belo sorriso.


Emeli Louise

Nenhum comentário:

Postar um comentário