segunda-feira, 15 de junho de 2020

Resenha: Palavras em Azul Profundo


Escrever uma resenha já é, por si só, uma tarefa difícil. Afinal, ao fazê-lo, estamos analisando aquilo que pode ser a coisa mais importante na vida de uma pessoa. Entretanto, existem obras que elevam essa missão a níveis desafiadores, tamanha sua magnificência. Palavras em Azul Profundo é uma delas.

Escrito pela autora australiana Cath Crowley e publicado em 2019 pela editora Plataforma 21, o romance é desenvolvido por meio da perspectiva de Rachel Sweetie e Henry Jones, dois jovens que cresceram em Gracetown e, desde sempre, foram melhores amigos. Entretanto, a amizade dos dois é abalada quando ela se muda para Sea Ridge para morar com sua avó e deixa de responder as cartas enviadas por ele.

Três anos se passam até que Rachel retorna à cidade com o intuito de se distanciar do mar e esquecer tudo que passou nos últimos dez meses devido a morte de seu irmão, Cal. Porém isso não será tão simples quando ela imaginava que seria.

Quando chega em Gracetown, sua tia Rose não lhe dá outra opção além de superar sua perda e seguir em frente. Com isso, Rachel é obrigada a trabalhar no sebo da família do seu ex-melhor amigo e, por consequência, encarar o seu passado e as pessoas que deixou para trás.

Henry, por sua vez, enfrenta mais um de seus términos com Amy, esperando o momento em que ela voltará para ele como sempre faz. Além disso, ele tem em suas mãos a palavra final quanto ao futuro do sebo de sua família. Quando descobre que Rachel, com quem não fala há três anos, regressou à cidade e trabalhará com ele na Howling Books seu mundo sai ainda mais dos eixos.

No sebo, Rachel é incumbida de catalogar todos os livros da Biblioteca de Cartas, uma seção da Howling Books em que os clientes podem circular palavras que amam, sublinhar frases, fazer anotações nas margens, deixar ideias sobre o significado das coisas ou cartas para desconhecidos.

Toda a trama de Palavras em Azul Profundo, bem como a vida e a amizade de Rachel e Henry, se desdobra em torno da Biblioteca de Cartas, um lugar mágico que encanta qualquer um que seja apaixonado por livros. Bem, pensando melhor, pode ser que alguns leitores se incomodem com a ideia de tantos livros rabiscados, mas a forma como isso é explorado no romance é realmente fascinante, já que as obras literárias se tornam um meio de conexão entre pessoas.

A forma como a autora explora grandes livros da literatura clássica e atual é cativante e aquece o coração do leitor. Além disso, o romance carrega ensinamentos sublimes sobre perda, amor, amizade, superação e recomeços e traz uma mensagem tocante sobre o poder das palavras. A combinação desses elementos enriquece a história e a torna mais intimista, facilitando o envolvimento com as situações enfrentadas pelos personagens no decorrer do enredo.

Palavras em Azul Profundo foi um livro que me tocou profundamente por cada uma de suas particularidades, mas obviamente por falar sobre o que mais amo nessa vida: livros!


Escrita por Gabrielle Colturato
Participação de Katharina Martins

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