Como leitora assídua, e tendo como primeira paixão a leitura, sempre peguei-me sonhando com o momento em que esbarrasse em qualquer belo cavalheiro que, apressadamente, derrubasse todos os meus livros e cadernos no meio do corredor ou do pátio da escola. Depois disso, trocariamos olhares apaixonados, ele ajudaria-me a recolher os cadernos e papéis espalhados que ele mesmo ajudou a derrubar. Então seguiriamos nossos rumos e assim, ficaríamos nas mãos do destino para nos revêr ou nos falar. Porque o fato de sermos da mesma escola nunca é levado em consideração. Há! Pobre garota sonhadora.
Seria esplendoroso caso, inesperadamente, uma cena de filme dessa se realizasse em meio a um dia tedioso e de muito estresse. No meio de uma semana de provas complicadas em que, até vento soprando para o lado errado, estressaria-me.
Então o choque de realidade foi-me dado, e acontece que aprendi que cenas de filme nem sempre acabam fazendo parte da nossa realidade Porém, aprendi também, não em meio a uma semana tediosa de prova, mas em meio a um intervalo solitário e complicado pós-prova, que alguns dos clichês presentes em filmes podem acontecer de maneira levemente modificada, mas serem tão incrivelmente surreais quanto são nos longa metragens.
Foi quando deparei-me com um rapaz sorridente de óculos de sol interrompendo, inocentemente, minha leitura fervorosa, decidido a conversar, puxar assunto e questionar-me sobre minha solidão que descobri que, interromper minha leitura é, igualmente, tão clichê quanto derrubar meus livros no corredor.
As cenas de filme podem, vez ou outra, fazerem-se presentes. De forma modificada ou não. Em uma leitura interrompida ou em meio a bagunça de livros espalhados no chão.
Mas, bom mesmo foi quando aprendi a trocar olhares apaixonados com aquele rapaz sorridente de óculos de sol que mostrou-me o momento exato quando interromper minha leitura é mais clichê que derrubar meus livros no chão do pátio.
Emeli Louise
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