quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Chorei

Aqueles olhos amendoados me encaravam com um brilho sem igual. Aqueles braços me traziam todo o conforto do mundo. E por mais que meus problemas se resolvessem, magicamente, em seus braços, me peguei chorando. Chorando como criança de quem roubaram alguma guloseima. Feito criança que chora, que soluça e que chega a faltar o ar. Eu não sei por que, mas eu chorei entre aqueles braços "meigos", encostada naquele ombro. Nos braços, e no ombro de quem eu nunca imaginei poder chorar daquela forma. Talvez eu chorasse por saber que aquele conforto duraria pouco. Que aquela quentura, que aquele amor, que aquele carinho logo seria interrompido pela voz aguda de alguém que estava no corredor, provavelmente do professor.

E seu conforto poderia tirar todas as minhas dores, todos os meus medos, todas as minhas angustias. Aqueles braços fariam eu desistir de todas as fraquezas e possíveis recaídas que me levassem à "coisa ruim". E foi por isso que chorei, por saber que eu poderia me permitir a essa grandeza de seus pequenos braços, mas que por mais que eu quisesse não teria o privilegio de viver no conforto daqueles "doces" braços aquarianos. 


Gabrielle Colturato

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