É fácil perceber que seu mundo
esta desabando. Que as paredes do seu refugio já não suportam mais as
diversificadas rachaduras e estão prestes a ceder, e que nada nem ninguém pode
te ajudar, que não basta estar cercada de milhares de pessoas. Elas não lhe
ajudarão em nada. O mundinho banal delas é tão perfeito, não é mesmo? Para que
sacrificar todo esse "País das Maravilhas" por você. Ninguém faria
isso, e além do mais? Porque fariam isso por você? Justo você.
Suas lâminas são tão mais
fáceis. Tão mais úteis. Tão mais praticas. Elas não precisam falar, nem te
aconselhar a nada, basta estarem ali, ao seu dispor. Elas não lhe julgam. Elas
não te culpam. Elas não te destroem com palavras. Elas só te lembram de que
você, infelizmente, ainda vive. Que seu pobre coração ainda bate, apanhando.
Sua vida vale tanto assim? Vale
todas as palavras maldosas que já ouviu? Vale as brincadeiras de mau gosto
direcionadas a você? As insinuações de que tudo seria melhor sem você ali? Sua
vida vale essa dor interminável? Vale cada sofrimento, cada lágrima, cada
aperto no peito, cada momento de sufoco? Você acha, sinceramente, que vale
mesmo a pena viver dessa forma, aos trancos e barrancos? Sendo um peso na sua
própria vida, e na vida das pessoas ao seu redor. Você nem vale tudo isso. E
nunca valerá, pois você é um nada para si mesma, e a partir disso, se tornará
um nada para os outros.
E você... Você sou eu. Com todas
as dores, com todo o sufoco, com todas as tentativas frustradas de dar paz a si
mesma. Sabemos bem o quanto a morte seria agradável, o que ainda lhe prende? O
que ainda lhe segura nessa crueldade a quão não merece viver? Meu coração é
puro de mais para ser surrado dessa forma, e eu sei disso. Só me falta coragem
de partir.
Gabrielle Colturato
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